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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Descomplicando nosso Idioma

Nós viemos aqui para beber ou para conversar?
Essa é a pergunta que finaliza apoteoticamente um anúncio de cerveja. Ocorre que o presente do indicativo do verbo vir não é viemos, mas, vimos, assim como o presente do indicativo do verbo estar não é estivemos, mas estamos. Assim, ao substituirmos, naquela frase, o verbo vir por estar, veremos que ali figurará a forma estamos, do presente, e não estivemos do passado
Nós estamos aqui para beber ou para conversar?
Resta saber se inventores da frase comercial teria coragem de usar: Nós vimos aqui para beber ou para conversar. Comercialmente, eu acho que não.

Duzentas gramas de presunto
Duzentos gramas são bem mais digestíveis que as duzentas gramas. O Grama é medida de peso e A Grama é capim, relva.

TV a cores
Aquele que deseja ver realmente colorido dever preferir o TV em cores: a imagem melhorará sensivelmente. Ou alguém já viu TV a preto e branco?

Nunca namorei com essa moça
Namorar essa moça é bem melhor, pois, no Brasil namoramos alguém (e não com alguém). O verbo Namorar é transitivo direto – não pede preposição -, pois quem namora, namora alguém.

A peãozada
A grafia correta é peonada (porção de peões).

Decidir pela continuidade da greve
A palavra continuidade significa extensão ininterrupta, seriação sem intervalo. Assim, tem cabimento o seu emprego nesta frase: O deslizamento de terra comprometeu a continuidade da rodovia, impedindo a continuação da nossa viagem. A palavra continuação significa prolongamento, prorrogação, prosseguimento, exemplo: Decidir pela continuação da greve.

Fazem dez anos que casei
As pessoas realmente felizes dizem e escrevem melhor: Faz dez anos que casei.
O verbo Fazer quando indica tempo não varia (impessoal): Faz vinte anos, Faz duas horas, está fazendo mil anos. A presença de verbo auxiliar nada modifica: vai fazer vinte anos, está fazendo mil anos, deve fazer milhões de anos.

Haviam poucos ingressos à venda
Eis outro dos equívocos mais encontrados na língua cotidiana, pois o verbo Haver no sentido de existir, acontecer, realizar-se e indicando tempo assim como o verbo Fazer não varia (é impessoal): Havia poucos ingressos à venda. ( Existiam poucos à venda.) Há muitos corruptos soltos. ( Existem muitos corruptos soltos) Já houve duas guerras mundiais. (Já aconteceram duas guerras mundiais.) Quantas reuniões haverá hoje. (quantas reuniões se realizarão hoje?)
Não a vejo há séculos. (Não a vejo faz séculos)

Uma guaraná bem gelada
Só fará mal à garganta esse tipo de guaraná. Querendo poupar a saúde, tome um guaraná bem gelado pois guaraná é um substantivo masculino.

Menas roupa
Quem usa menas roupa, só revela a completa nudez em que se encontra...
Em suma: menas é palavra que não existe em nossa língua. Use apenas menos.

Mendingo, Mortandela
Mendigo que se preza vai além, muito além da mortadela...

Chiclete gruda no dente da gente
Chiclete gruda ao dente de todo o mundo. O verbo grudar ou grudar-se pede preposição a:
Chiclete grudou ao meu dente. Algo grudou ao meu sapato.

Sentem na mesa para almoçar
Gente educada, civilizada, senta-se à mesa para almoçar, jantar, conversar. A preposição que dá idéia de proximidade é a e não em. Assim: Sente-se ao muro para conversarmos. (sentar-se próximo ao muro) Sentar-se à mesa. (sentar-se próximo à mesa) Sentar-se à PA. (sentar-se próximo à PA)

Personagem: o ou a
Em Português qualquer palavra terminada em gem será feminina (exceto selvagem que é comum-de-dois gêneros). Assim tanto para homem como para mulher, usa-se a personagem:
O ator não gostou de sua personagem.

Extra: Como pronunciamos?
Pronunciamos êstra: edição extra, hora extra, extraterrestre, hipermercado extra

Eu penteio os cabelos
Perfeito. Há muita gente, porém, que pentia os cabelos:
As mães penteiam seus filhos. Há apenas cinco verbos terminados em iar que começam a ser conjugados como se fossem terminados em ear: mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar.

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